sábado, 14 de dezembro de 2013

Um dia parei pra pensar..





Algumas vezes temos aqueles momentos, de tempos em tempos, em que paramos para pensar na vida. Alguns chamam de crise, crise dos 30, dos 40, crise dos 41, dos 42, dos 43... Mas há também aquelas datas ou tempos que são quebrados, bem no meio. Há também grande contradição se essa reflexão trás somente ideias de perda de um tempo, ou de que uma fase boa da vida se passou, que se está envelhecendo, blá blá blá. Então eu creio que essas datas nem sempre são crises. Outro dia, conversando com um velho amigo, o Antero, este me disse que quando completou 35 anos, bem no dia de seu aniversário, parou pra pensar na vida. Foi algo automático. Após uma festa surpresa, daquelas que ele não gostava, depois que os últimos “convidados” se foram, isso lá pelas 2 horas da matina, Antero abriu uma Heineken e sentou-se na ponta da escada que levava ao terraço. Um jeans surrado, aquele chinelão já todo rachado, e sua Heineken. Por um momento Antero começou a ter pensamentos negativistas, destes que todos costumam ter, mas ao ver aquela imagem a sua frente, as luzes da cidade acesas, olhando o brilho dos faróis, um gole de cerveja.. Aquele era um dos momentos que ele mais gostava. Sua roupa preferida de final de dia, sua cerveja preferida, e sua visão preferida da cidade, bem a sua frente. Era um mar de luzes, cintilando de tal forma que ele podia ouvir o som dessas luzes. Sobre sua cabeça um avião seguia, muito, mas muito alto, sentido oeste. É uma rota regular, pois de dois em dois minutos outro avião passava no mesmo lugar, fazendo uma fila no céu. Tudo aquilo era mágico, pois trazia uma paz, e naquele momento todos os seus problemas se evaporavam. Disse ele que, naquele momento sublime, compreendeu que levou 35 anos para compreender algumas coisas em 1 minuto. Lembrei-me de uma frase que li em uma revista de bordo da 



Vasp, cujo autor não me lembro, lá por 1989,  que dizia algo como: “Só preciso de um copo de whisky para ficar bêbado, só não me lembro se o 14° ou 15°...” Memorável...  Acho que o 14° whisky é como o marco dos 35 anos. Para o Antero todas as crises passaram a ser momentos de reflexão apenas, que devem ser vividos em paz, em silêncio e sozinho, sem qualquer interferência, usando aquela melhor roupa surrada e com sua cerveja favorita. Eu estou chegando no momento de reflexão dos 39 anos, antecipei o dos 40 pois não sei esperar, e já de antemão posso dizer que o saldo é positivo. Nem todo feliz, mas positivo, e o melhor (ou pior): às vezes me sinto com 29. Bom, melhor não adiantar tanto minhas reflexões, afinal de contas, o tempo já é implacável o suficiente.. A você, só posso desejar que viva, pois a vida se encurta a cada momento, desde quando nascemos..

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